Trigo: em meio às dificuldades, produto está perdendo espaço nas lavouras paranaenses

Os dados comprovam o que muitos agricultores já sabiam ou sentiam. O trigo, ano após ano, tem deixado de ser unanimidade nas lavouras paranaenses. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura do Paraná SEAB/PR, a área plantada de trigo este ano é 11% menor em relação a 2011. O desanimo do agricultor em 2012 é reflexo da situação vivida no ano passado.

No Sudoeste, dos 360 mil hectares de lavoura, somente 55 mil tem trigo plantado. Número 20% menor do que em 2011. O motivo pela diminuição é simples: a dificuldade na comercialização do produto, baixos preços, riscos inerentes a cultura, aumento do custo de produção e a alternativa do plantio do milho da segunda safra.

Além disso, muitos agricultores optaram pelo plantio da aveia que, além de proteger o solo como cultura de inverno, serve, também, para alimentar muitos rebanhos de gado leiteiro ou de corte, outra fonte de renda.

Assim como no Sudoeste, todo o Paraná tem andado na mesma linha. A estimativa, este ano, é que tenhamos uma diminuição de 25% na área plantada em relação a 2011. Os cerca de 785 mil hectares correspondem a menor área plantada dos últimos 37 anos no Paraná.

De acordo com um estudo do Departamento Técnico Econômico da Federação de Agricultura do Paraná (FAEP), se considerarmos uma série histórica de área plantada de 26 safras desde 86/87 percebe-se que os produtores paranaenses estão deixando de plantar trigo ano após ano.

Em todo o Brasil, a redução da área , segundo a CONAB, é de 9%. A produção nesta safra deve ser 13% menor em comparação com o ano passado. A estimativa deste ano é que tenhamos, em todo o país, 11% a menos de trigo tendo uma retração na produtividade da cultura de 5,79 milhões de toneladas em 2011 para pouco mais de 5 milhões de toneladas este ano. Enquanto isso, o consumo de trigo no Brasil beira as 11 milhões de toneladas, o que significa um déficit de 49% da demanda nacional pelo produto.

As dificuldades não são poucas. No ano passado, o Governo Federal estipulou o preço de R$ 28 por saca, mas na hora de vender na região o agricultor conseguiu, no máximo, R$ 24. Valor que mal cobriu o custo que os produtores tiveram para cultivar a lavoura.

A falta de incentivos do governo para manter culturas de trigo, bem como a antecipação do pacote de trigo são fatores fundamentais nessa equação do que produzimos e do que consumimos. Outro ponto como o seguro de renda, que propiciaria ao produtor investir na cultura e ter uma condição mínima, caso não tenha uma renda estável, ajudaria a resolver boa parte dos problemas da cultura de trigo.

Luiz Alfredo Chioquetta, diretor da Plantanense